“Quem me dera ao menos uma vez entender como um só Deus ao mesmo tempo é três…”
O trecho acima faz parte da música Índios, de 1986, de autoria de Renato Russo.
Não apenas para o compositor, a Santíssima Trindade é um mistério a todos nós – e ainda mais intrigante que no verso: Um Deus (sem divisões), três pessoas. Cada pessoa é Deus. O Pai é a origem eterna e cada pessoa reside nas demais.
A Santíssima Trindade, bem como a humanidade e divindade de Cristo, são as revelações mais importantes dos mistérios da fé. Deus é amor, amor infinito das três Hipóstases unidas em perfeita Caridade. A redenção consiste em que Deus por sua encarnação abraça a humanidade do homem e, com ela, toda a criação, comunicando-nos em Cristo seu amor por meio do Espírito Santo.
No dia 12 de junho, as tradições Ocidental e Oriental do Cristianismo comemoram o Domingo da Santíssima Trindade, o primeiro domingo após o Pentecostes no calendário litúrgico.
A Santíssima Trindade nos identifica como cristãos. Somos os únicos que adoram um Deus em três pessoas. Compreendemos que nosso Deus não é solitário; ao contrário, é solidário; é família, é comunidade.
Ao longo dos séculos, tal doutrina muito influenciou as artes. Da iconografia bizantina, temos uma das representações mais admiráveis em todo o mundo, este ícone que aparece no post, do russo Andrej Rublev.
O ícone se baseia na passagem bíblica dos três varões (Anjos) que se apresentaram a Abraão no carvalho de Mambré (Gênesis 18), para anunciar a Abraão e a Sara que seriam pais de um menino. As semelhanças entre as figuras angélicas não mostram diferenças na classificação, mas é certo que cada um deles representa parte da Santíssima Trindade.
A arte, que foi adotada pela Igreja Ortodoxa, é o mais famoso de todos os ícones russos, e é considerado uma das maiores conquistas da arte russa. Na época de Rublev, a Santíssima Trindade era a personificação da unidade espiritual: paz, harmonia, amor mútuo e humildade.