Não quero que achem mais que, por respeitar muito a Tradição Católico-Romana, ler seus teólogos, admirar a vida dos santos e ter católicos entre os meus melhores amigos, que eu seja católico romano. Não quero que pensem, muito menos, que eu seja criptocatólico — seria desonestidade.
Tenho raízes evangélicas as quais eu jamais poderia negar, e sou mais protestante que qualquer um dos meus amigos católicos convictos possa aceitar.
Apenas não sou anticatólico, como a maioria dos evangélicos dos quais convivo, e reconheço que há muita falta de conhecimento sobre o que é, de fato, Catolicismo. Por isso dou à Tradição Católico-Romana o respeito que merece, mas não, não creio que Roma seja o único aprisco.
Minha posição é semelhante à de C. S. Lewis: “O Cristianismo é um rol com muitas portas”. Eu entrei por uma delas e encontrei aqui tudo o que precisava para viver minha fé com sinceridade, do Cristianismo Céltico ao Movimento Carismático.
Minha teologia pessoal é anglicana, passa pelos Credos Apostólico e Niceno, pelo Quadrilátero de Lambeth e pelos Trinta e Nove Artigos da Religião, e minha apologética individual praticamente se resume à Declaração de Jerusalém.
Dos católicos não espero compreensão, mas respeito. Continuarei a exaltar seus feitos, mas não presumam que irei valorizar a vossa fé e não a minha. Sou anglicano convicto, não há resquício de dúvida. Tenho orgulho de estar na Terceira Maior Comunidade Cristã do Mundo, pertencendo a uma família com mais de 80 milhões de membros.
Não me afeto mais com a fake news histórica, que trata nossa religião como o fundamento cismático de um Rei adúltero, e estou ciente dos problemas que há entre nossos pastores e ovelhas (o assunto vai além). Mas com toda a crise, digo que a Igreja Anglicana é o meu lar, o lugar onde fui acolhido com todo carinho depois de cinco anos em um limbo de fé, e onde decido estar até o Retorno do Rei.
Dada a explicação, reforço que minha postura diária continuará sendo inspirada pelo espírito lewisiano: “Não faço mistério a respeito da minha posição pessoal. Sou um simples leigo da Igreja Anglicana e não tenho preferência especial nem pela Alta Igreja, nem pela Baixa, nem por coisa alguma. […] não busco converter ninguém à minha posição. Desde que me tornei cristão, penso que o melhor serviço, talvez o único, que posso prestar a meus semelhantes incrédulos seja explicar e defender a fé comum a praticamente todos as cristãos em todos os tempos”.
Reforçada pela Gafcon: “Estamos comprometidos com a unidade de todos aqueles que conhecem e amam a Cristo e para construir relacionamentos ecumênicos autênticos.”
Sou anglicano, e não poderia ser diferente.