A única casa para mim: a Igreja Anglicana

Não, eu não vejo como poderia, de consciência limpa e “ex animo”, professar a doutrina de qualquer outra tradição da fé cristã. Não falo de outros, mas de mim. Levo minha consciência muito a sério.

Eu amo a Mãe de Deus, mas não beijo o anel do Papa. O que penso do matrimônio está mais perto dos ortodoxos e ainda mais dos não-calcedonianos, mas sou muito mais agostiniano do que eles poderiam aceitar. Eu vejo na Reforma Protestante muito mais do que qualquer um desses poderia ver. Vejo que a Igreja se arrepende, sem deixar de ser coluna e baluarte da Verdade.

Mas eu não poderia jamais ser luterano, também. Eu não distingo Lei e Evangelho; eu misturo de novo e de novo. Não vejo a salvação e a encarnação como eles! Certamente não vejo a Igreja como eles. Talvez eu veja o Estado quase como eles; sou um luterano civil. Reformado é que eu não poderia ser mesmo, ainda admire muitos dos seus mestres. Pentecostal? Já fui, amo, mas não, não creio na doutrina.

De todos esses, uns mais, outros menos, eu encontro algum traço na Igreja Anglicana, pois ela é uma casa com muitos quartos e com uma mesa grande, ela aprende com todos, mantendo a sabedoria do seu equilíbrio. O que para outros é uma colcha de retalhos, para mim é uma túnica de várias cores, como a de José, perfeitamente integradas numa mesma fé, pela graça multiforme de Deus.

Essa é a minha casa! Muitos a odeiam, porque a consideram pouco católica ou pouco protestante, porque detestam bispos ou porque abominam Lutero, porque gostariam de ver nela mais incenso ou mais gritos, mais pregação ou mais profecia, mais teologia ou mais rosário. Dizem mil coisas contra ela que seus filhos sabem ser mentira, e mil e uma que eles sabem ser verdade. Enquanto falam, Deus faz mais.

Com todos os problemas que há entre seus pastores e suas ovelhas, com a imensa crise que ela enfrenta, é a minha casa. Serei leal à minha casa, a este ramo da Igreja Católica que me acolheu e no qual fui feito, pela graça de Deus, presbítero, no qual casei e crio os meus filhos.

Essa é minha casa.
Orarei por ela até o fim.
Cristo venceu.

“…e deita grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra.” São Marcos 4:32

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