Quaresma: tempo de ordenar a alma

“Toda a desordem do mundo se origina na desordem da alma”, escreve James V. Schall.

Averróis nos leva a compreender que “a boa ordem da alma fornece os padrões para a boa ordem da sociedade humana.”

Eric Voeglin ensina que “a alma do homem só é uma fonte da verdade quando está orientada rumo a Deus por meio do amor à sabedoria.”

Seymour Glass entende que “a filosofia e a religião são um movimento interior da alma para a ordenação”, e que “a transformação é feita pela virada da alma (periagoge), como forma de resposta ao chamado divino (helkein)”.

Podemos refletir sobre o quanto a Quaresma facilita a ordenação da alma e, consequentemente, impacta a vida material. Marcada por penitências, reflexões intensas e por mudança de comportamento — tendo como pilares o jejum, a oração e a caridade — a quaresma ajuda a reconhecer nossa miséria material, moral e espiritual. Ou seja, nossa desordem.

Quaresma é lamento, é arrependimento, é choro. Leva-nos a perceber nossa limitação, nossa mortalidade, nosso pecado. Faz-nos entender que, ainda que nos achemos justos e bons, não somos mais do que seres distorcidos, cheios de contradições e contrastes.

É nesse tempo que procuramos lembrar mais ativamente que necessitamos do Redentor. Pois, uma vez que identificamos nossa escuridão, o próximo passo é reconhecer que somente a Luz pode nos transformar. Então, chegamos a Cristo.

Ao contrário do que muitos pensam, esse período de preparação para a Páscoa não é data importante apenas para os Católicos Romanos. Outras comunidades cristãs, como Luteranas, Anglicanas, Ortodoxas e Calvinistas também a adotam, conforme seus preceitos. Mas seria bom que não apenas cristãos o aderissem.

Talvez eu seja idealista demais ao pensar, mas aqui está um “não custa sonhar”: bom seria que toda a humanidade decidisse abraçar o Tempo da Quaresma e provasse a força das palavras: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida.”

Que você tenha um excelente tempo quaresmal.

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